Voluntariado – Primeira semana 30/10/2013

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Onde estão os “pára-choques”?

É impressionante como ao aterrar num país tão diferente do nosso, temos realmente a perceção de que somos uns privilegiados. Felizes aqueles que podem construir as suas vidas num mundo quase perfeito que é o ocidental.

A nossa viagem teve início no dia 18 de outubro. Destino: Índia. Pelo meio, ficou uma escala de 10 horas no Dubai, Emirados Árabes Unidos, onde um “admirável mundo novo” pudemos contemplar. A grande maioria da cidade, parecia estar intimamente ligada a uma palavra: megalómano. Os edifícios, a rede de transportes, os carros e até a temperatura de 30º C às 5 da manhã (não queiram imaginar os valores de aí em diante!) juntaram-se todos para nos impressionar. Tudo movido graças ao “ouro negro”.

Mas como todos sabemos, sendo o destino tramado, quando acontece uma coisa boa, outra menos boa acontece a seguir ou vice-versa. Se no Dubai não havia um pedaço de lixo no chão, havia organização nas estradas e um ambiente agradável, o mesmo não se pode dizer de Chennai, na Índia. Ficámos instalados num hostel barato e bem localizado cujas condições se adequavam ao preço. A cidade, como em todos os locais por onde passámos por este país até agora, era suja, barulhenta e completamente desorganizada. Passadeiras para quê?! Ninguém queria saber de passadeiras, dos peões, dos carros que vinham da esquerda ou da direita. Tinham apenas em vista a chegada ao destino. No entanto, ficámos admirados por não ver nem um único acidente; ‘uma desorganização organizada’. Aquele ar pesado, uma mistura da humidade com o cheiro intenso do lixo e das especiarias das comidas feitas à beira das estradas, deu cabo dos nossos pulmões. “Stressante” é a palavra que melhor define Chennai, na nossa opinião.

Apanhámos o comboio na segunda-feira à tarde (dia 21) em direção a Tiruchirappalli. À nossa espera estava o Sr. Ramaswami, o presidente da ISSI (Indian Social Service Institute), organização onde fazemos voluntariado. A caminho da associação, o jipe que nos tinha ido buscar aproximou-se demasiado da berma da estrada e enterrou uma roda em cimento fresco, ficando preso. Lá estavam o André e o Hugo, numa noite iluminada por relâmpagos, à chuva e com 20 quilos às costas, à espera de um autocarro que, por sorte, acabou por aparecer 5 minutos depois.

Neste momento estamos instalados numa das sedes da ISSI. É neste local que todas as manhãs tentamos ensinar inglês a raparigas provenientes de famílias carenciadas, dos 17 aos 21 anos, que frequentam o curso de ajudante de enfermeira, livre de quaisquer custos. Dessa forma podem obter formação, arranjar um trabalho e ajudar as suas famílias. “Tentamos” ensinar inglês, pois é extremamente complicado explicar alguma coisa quando não sabemos a língua local e elas não percebem o que explicamos. No final da tarde, crianças necessitadas com idades compreendidas entre os 6 e os 14, dirigem-se até à associação para realizarem os seus trabalhos de casa e brincar um pouco. Fazem-no aqui já que tal tarefa torna-se difícil quando as suas casas não possuem luz elétrica.

O nosso quarto assemelha-se a uma amostra de jardim zoológico. Desde múltiplos insetos até uma ou outra osga, todos insistem em fazer-nos companhia. Juntamente com a alimentação, as saudades, as pseudo casas de banho e o clima, estes têm sido grandes desafios para nós.

O choque cultural tem sido imenso. Precisamos de um “pára-choques”. Estamos aqui há tão pouco e já aprendemos tanto…

Até logo!

8 thoughts on “Voluntariado – Primeira semana 30/10/2013

  1. Bom começo “meus putos”. Como tem sido habitual nota-se que esta é a vossa primeira crónica.
    Aproveitem essas condições, esses choques espero que sejam o que realmente mais gostaram nesta viagem. Força 😉

  2. E vão aprender muito mais…
    Quanto aos bichos, coragem e cuidado!
    Mais uma vez, me sinto na Índia sem nunca lá ter ido.
    Beijinhos para os dois.

  3. Ola Queridos Gaps!
    Muito boa a vossa crónica. mas tão, tão, tão no início que ainda estão!!!
    Quanto ao zoo no quarto, pior seria se vos entrasse um elefante pela porta dentro…
    Um forte abraço,
    Carlos Torres

  4. Olá meus lindos,
    Bem, para quem já conviveu com animais muito… estranhos, o vosso pequeno/grande zoo parece uma receção de boas vindas à maneira de “Madagáscar”!! Tudo de bom. Não se esqueçam que tudo faz parte da vossa aprendizagem. Beijinhos. Adélia Sousa.

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